CONTRA O ASSASSINATO DA VARIG
A Executiva Nacional do PDT alerta a opinião pública nacional sobre as graves conseqüências da crise que ameaça a mais importante empresa aérea brasileira, a Varig. Longe de ser um problema restrito a simples livre concorrência e aos eventuais problemas de gestão da empresa, boa parte de sua origem está nas ações governamentais que, desde o Governo Collor, não apenas vem causando prejuízos como favoreceu empresas estrangeiras na disputa de mercado, notadamente a decisão, naquele período, de conceder ao Sr. Wagner Canhedo rotas da hoje falida VASP para a Europa e Estados Unidos, ampliando, pela reciprocidade internacional, a presença das gigantes do setor aéreo nos vôos de mais alta rentabilidade. Além disso, há dividas governamentais com a Varig, cujo pagamento já foi determinado judicialmente, em montante muito superior ao que seria necessário para estabilizar a situação econômico-financeira da empresa. A resistência do Governo Lula em promover um encontro de contas entre seus débitos e as dívidas da Varig, de tão incompreensível, soa suspeita.
O possível encerramento das atividades da Varig significa muito mais que o de mais de nove mil trabalhadores e chefes de família. Representa a renúncia do país a gerir seus contatos com o mundo. No momento em que o país tenta expandir seus negócios comerciais com países fora dos grandes centros mundiais, abriremos mão do acesso de pessoas e de mercadorias, através de uma empresa brasileira, a estes mercados. A verdade, por trás da crise, é que mais da metade dos vôos internacionais já é controlada por empresas estrangeiras, com grave prejuízo para a economia nacional.
O Governo Lula tem agido com inexplicável frieza diante deste problema. Com o seu discurso neoliberal, os mesmos governantes que subsidiam, através da taxa de juros, os lucros fenomenais dos bancos, alegam que não têm de ajudar a Varig com recursos públicos e não podem agir em favor de uma empresa privada. Estes falsos argumentos escondem, quem sabe, expectativas de vantagens com o esquartejamento da Varig. A eles contrapõe-se uma realidade simples e incontestável: a recuperação da Varig pode ser alcançada com o puro e simples pagamento da dívida governamental já incontroversa. Este encontro de contas, além de preservar o interesse nacional em ter uma grande bandeira aérea no mundo, significaria economia para os cofres públicos, por se realizar em condições vantajosas para o Erário.
O PDT, portanto, torna pública sua disposição de lutar, em todos os níveis, contra a extinção da Varig, orientando suas bancadas parlamentares e dirigentes a apoiarem o movimento liderado pelos trabalhadores da Varig. Os seus acionistas privados, sem dúvida, devem responder pelos prejuízos de eventuais erros de gestão, mas o país não pode nem deve arcar os ônus estratégicos da perda de seu maior canal de comunicação com o mundo. Mas o Governo Federal não tem o direito de, ante esta ameaça e o drama de milhares de trabalhadores, omitir-se e fingir que nada tem a ver com a crise de uma empresa da qual é o maior devedor, tornando-se cúmplice do assassinato de uma das maiores e mais tradicionais empresas brasileiras.
Rio, 17 de março de 2006
Carlos Lupi - Presidente Nacional do Partido Democrático Trabalhista (PDT)
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