Instituto Chico Mendes (ICMBio) Blog N. 419) Parceria: O Porta-Voz e Painel do Coronel

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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

APERTEM OS CINTOS. OS NOSSOS PILOTOS ESTÃO SUMINDO

De: Jorge Grillo
Para: Dr Edson Paim
Data: 17/10/07 11:47
Assunto: FW: Pilotos sumindo




Tribuna da Imprensa
Coluna Pedro Porfírio
12/10/2007

Se era isso o que queriam, estão conseguindo: nossos pilotos estão sumindo. Falo do plantel mais experiente e mais treinado da aviação comercial brasileira, os formados e provados na mais tradicional companhia de nossa história - a Varig, Varig, Varig.
Esse é um dos mais perversos e mais emblemáticos efeitos da conspiração que pôs a nossa aérea mais tradicional no chão e abriu todos os céus do Brasil para suas concorrentes, inclusive empresas estrangeiras, que ainda vão acabar fazendo vôos domésticos, como já consta de projeto no Senado Federal. Senado, ah, que Senado nós temos: nem nos tempos de Brutus.
Ainda bem que estão conseguindo trabalho, diria você. Trabalho? Isso para mim é exílio puro, sem tirar nem pôr. Exílio "trabalhista", digamos, já que no grande desastre da nossa aviação comercial uma lei que fora corajosamente contestada pelo PDT, transformou os mais elementares direitos trabalhistas em cinzas.
É Isso mesmo. Enquanto você fica aí à espera do próximo bote da serpente, ela já picou pelas beiradas, segundo os velhos truques dos mágicos de plantão. A chamada lei de Recuperação de empresas, a 11.101/05, foi uma lança no coração de 60 anos de justiça social.
Graças a tal monstrengo jurídico, uma Vara Empresarial passou a se superpor sobre a Justiça do Trabalho, desconhecendo sem constrangimento até pagamentos de salários atrasados. E, de quebra, para a cristalização de uma perversa impunidade, está contribuindo para o massacre dos aposentados de um fundo de pensão que não cumpre com suas obrigações mínimas, embora seja credor de sua patrocinadora.
Fazendo as malas
Reportei-me ao sumiço dos nossos pilotos, ao saber que ontem o comandante Marcelo Duarte fez as malas e partiu para Hong Kong, onde vai trabalhar numa empresa de aviação comercial de padrão excepcional, a HKE que, por sinal, foi a primeira da Ásia a comprar os modelos E-170 da Embraer.
Vice-presidente da Associação dos Pilotos da Varig, e um dos mais aguerridos líderes da categoria, ele, como seus colegas de entidade, pode ser incluído na lista dos grandes perseguidos políticos de nossos dias. Por conta de sua atuação corajosa, foi demitido em 2002, antes mesmo do trágico e trêfego leilão de 2006 e até hoje não viu a cor de um centavo de suas verbas indenizatórias E SEQUER CONSEGUIU SACAR O FUNDO DE GARANTIA. Quando demitido, era instrutor da mais respeitada e mais bem equipada escola de pilotos da América Latina, da própria empresa.
Mesmo passando o maior sufoco, entregou-se por inteiro à causa dos seus colegas, tendo uma atuação marcante ao lado do deputado Paulo Ramos na CPI da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro que mostrou os interesses sórdidos que levaram à Varig a ser uma miniatura de si mesmo.
Antes deles, outros pilotos pegaram o caminho do exílio desde o leilão que teve como únicos arrematantes os prepostos de um fundo "abutre" de investimento dos Estados Unidos, que já haviam se apoderado da Variglog. Ao todo, estima-se que 450 pilotos já atravessaram a fronteira em busca de uma sobrevivência digna.
Só no Qatar, na península arábica, há MAIS 68 pilotos brasileiros, entre eles o comandante Alexandre Pochain. Nenhum foi para lá atrás de petrodólares. Antes, saíram daqui porque, embora competentíssimos, entraram numa estranha lista da intolerância, vigente nos dias de hoje, apesar de todo esse ambiente dito democrático e de todo esse discurso sobre direitos humanos.
O comandante Elnio Borges, uma das maiores autoridades em aviação civil, que bem poderia estar à frente de uma ANAC, refugiou-se na Índia, fazendo vôos internacionais para a Europa. Para não se distanciar totalmente dos seus colegas, ele, presidente da Associação dos Pilotos da Varig, ainda consegue organizar sua escala de modo a vir uma vez por mês ao Brasil.
Outro grande esteio desse plantel de primeira linha, o comandante Paulo Calazans, está pilotando na Raynair Airlines, a maior companhia européia de vôos de baixo custo (low cost), com registro na Irlanda.
Melhor "sorte" não teve o comandante Flávio de Souza, ex-presidente da APVAR, que vive como uma espécie de ermitão em São Gabriel - RS . Ele é um dos muitos profissionais que permanecem inteiramente à margem dos "manches".
Pior para os comissários
Essa "diáspora" lembra os tempos da ditadura, em que os grandes cientistas brasileiros, principalmente os da Fundação Oswaldo Cruz, foram compelidos a sair do país, onde contribuíram com seus conhecimentos acumulados em outros centros de excelência.
São faces da mesma moeda e acabam por revelar que o poder discricionário é o mesmo, em qualquer modelo político. Aliás, os riscos de desvirtuamento das democracias já haviam sido detectados desde seus primórdios, nas avaliações de Montesquieu e Rousseau. Em qualquer regime que se preze e que esteja comprometido com os interesses da nação a preservação dos seus quadros profissionais e de sua "inteligência" é uma demonstração de pragmatismo positivo.
Voltando ao desastre da Varig. Se os seus pilotos estão indo para o exílio profissional, o que se diria dos demais profissionais, como mecânicos de vôo, comissários de bordo e aeroviários?
Os comissários são os mais sacrificados. Os mais maduros, com vasta vivência no vôo, são descartados de cara, Se este é o destino trágico de quem perde emprego depois dos quarenta, imagine entre os comissários de bordo.
Entre os mais jovens, a realidade também é adversa. Aproveitando-se da situação de desespero dos profissionais, as companhias brasileiras estão oferecendo salários baixos, equivalentes a 50% do que a Varig pagava.
Como pano de fundo dessa tragédia, as incríveis coincidências. O antigo diretor operacional da Varig, que comandou as demissões do pessoal, e era o vice-presidente operacional da TAM na ocasião do acidente que resultou centenas de mortes em Congonhas.Pelo que se consta agora se encontra na TAM MERCOSUL NO PARAGUAI, esperando a poeira abaixar. Seu dedo aparece nos eventuais vetos aos profissionais que se habilitaram à concorrente, que, embora não tenha se equipado devidamente para ocupar o espaço deixado, opera a seu modo, com as conseqüências conhecidas de toda a sociedade brasileira.
Neste momento, só resta chamar à reflexão para um projeto aeronáutico que una os países vizinhos da América Latina, como se esboça no caso do Banco do Sul. Mas esse é tema para outro momento.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Varig: Executiva e Jefferson exigem solução


EXECUTIVA NACIONAL DO PDT É


CONTRA O ASSASSINATO DA VARIG


A Executiva Nacional do PDT alerta a opinião pública nacional sobre as graves conseqüências da crise que ameaça a mais importante empresa aérea brasileira, a Varig. Longe de ser um problema restrito a simples livre concorrência e aos eventuais problemas de gestão da empresa, boa parte de sua origem está nas ações governamentais que, desde o Governo Collor, não apenas vem causando prejuízos como favoreceu empresas estrangeiras na disputa de mercado, notadamente a decisão, naquele período, de conceder ao Sr. Wagner Canhedo rotas da hoje falida VASP para a Europa e Estados Unidos, ampliando, pela reciprocidade internacional, a presença das gigantes do setor aéreo nos vôos de mais alta rentabilidade. Além disso, há dividas governamentais com a Varig, cujo pagamento já foi determinado judicialmente, em montante muito superior ao que seria necessário para estabilizar a situação econômico-financeira da empresa. A resistência do Governo Lula em promover um encontro de contas entre seus débitos e as dívidas da Varig, de tão incompreensível, soa suspeita.
O possível encerramento das atividades da Varig significa muito mais que o de mais de nove mil trabalhadores e chefes de família. Representa a renúncia do país a gerir seus contatos com o mundo. No momento em que o país tenta expandir seus negócios comerciais com países fora dos grandes centros mundiais, abriremos mão do acesso de pessoas e de mercadorias, através de uma empresa brasileira, a estes mercados. A verdade, por trás da crise, é que mais da metade dos vôos internacionais já é controlada por empresas estrangeiras, com grave prejuízo para a economia nacional.
O Governo Lula tem agido com inexplicável frieza diante deste problema. Com o seu discurso neoliberal, os mesmos governantes que subsidiam, através da taxa de juros, os lucros fenomenais dos bancos, alegam que não têm de ajudar a Varig com recursos públicos e não podem agir em favor de uma empresa privada. Estes falsos argumentos escondem, quem sabe, expectativas de vantagens com o esquartejamento da Varig. A eles contrapõe-se uma realidade simples e incontestável: a recuperação da Varig pode ser alcançada com o puro e simples pagamento da dívida governamental já incontroversa. Este encontro de contas, além de preservar o interesse nacional em ter uma grande bandeira aérea no mundo, significaria economia para os cofres públicos, por se realizar em condições vantajosas para o Erário.
O PDT, portanto, torna pública sua disposição de lutar, em todos os níveis, contra a extinção da Varig, orientando suas bancadas parlamentares e dirigentes a apoiarem o movimento liderado pelos trabalhadores da Varig. Os seus acionistas privados, sem dúvida, devem responder pelos prejuízos de eventuais erros de gestão, mas o país não pode nem deve arcar os ônus estratégicos da perda de seu maior canal de comunicação com o mundo. Mas o Governo Federal não tem o direito de, ante esta ameaça e o drama de milhares de trabalhadores, omitir-se e fingir que nada tem a ver com a crise de uma empresa da qual é o maior devedor, tornando-se cúmplice do assassinato de uma das maiores e mais tradicionais empresas brasileiras.
Rio, 17 de março de 2006

Carlos Lupi - Presidente Nacional do Partido Democrático Trabalhista (PDT)